sexta-feira, novembro 24, 2006

Condicionantes ou determinantes da acção?
O homem condicionado não é necessariamente um homem limitado ou, pior do que isso, determinado. Reconhecer que não temos uma liberdade infinita de escolhas não significa negar toda e qualquer liberdade. Por muito limitadas que sejam as opções disponíveis, existe sempre a possibilidade de dizer sim ou não, quero ou não quero. O meu corpo, as minhas condições físicas e psicológicas, a minha cultura, são parte da minha circunstância mas cabe-me a mim afirmar-me e projectar-me com base nesses alicerces, nesse conjunto de potencialidades. Nenhuma das múltiplas condicionantes determina o meu destino porque, como dizia o filósofo Ortega y Gassett, «eu sou eu mais a minha circunstância».
Se as condicionantes da acção humana fossem na realidade determinantes, o homem não conseguiria superar-se e construir-se em liberdade e através da liberdade de escolher e de se decidir. Se o homem fosse um ser predestinado, ele limitar-se-ia a efectuar, sem qualquer originalidade, aquilo que está prescrito para ele e não passaria de um actor de papéis que lhe couberam em sorte.
As condicionantes da acção são o nosso contexto, a nossa situação e devem constituir-se como desafios para que concretizemos os nossos projectos. Se transformarmos essas condicionantes em pretexto de desistência, numa atitude de fatalismo ou de impotência, somos nós mesmos que estamos a escolher o caminho mais fácil e a desistir da liberdade e de nós próprios.

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