quarta-feira, outubro 11, 2006


"Só sei que nada sei"
"Só sei que nada sei" não é a divisa da filosofia e muito menos um apelo à ignorância mas uma provocação àqueles que se apresentam como sábios e detentores das verdades. Na boca de Sócrates, "só sei que nada sei" é a expressão da ironia, essa arma filosófica apontada ao ridículo dos sábios fechados em si mesmos, prepotentes, pomposos. Ontem como hoje são muitos, demasiados, esses sábios que se tomam a sério e que querem que os tomemos a sério mas que são incapazes de partilharem connosco os segredos desses saberes que dizem possuir. Ontem como hoje esses sábios de tudo e de nada escondem-se por detrás de livros e de palavras complicadas e, quando são interpelados, ficam indignados, irritados, ofendidos na sua sabedoria sacrossanta e impenetrável. A filosofia continua a ter como tarefa a destruição dos mitos e dos ídolos. Continua também a ser necessário denunciar os sofistas, desmascará-los, desmontar as suas falsas e ocas sabedorias alicerçadas sobre preconceitos e ideias feitas.
"Só sei que nada sei" e porque o sei não me deixarei anestesiar pelos saberes fáceis, cómodos, os saberes canto de sereia e continuarei à procura, insatisfeito e crítico, filósofo.

1 comentário:

Rafael disse...

parabéns. É isso mesmo, mas pena que não vemos esta filosofia compartilhada em nossso dia a dia.