sexta-feira, outubro 20, 2006

"Conhece-te a ti mesmo"
"Conhece-te a ti mesmo" parece ser um conselho evidente e fácil de seguir mas revela-se uma árdua e inesgotável tarefa. Para nos conhecermos é preciso abandonarmos as imagens que os outros fizeram de nós e a que nos acostumamos a identificar connosco e as idealizações que pacientemente construímos de nós próprios. Temos que retirar, camada por camada, o verniz com que revestimos os aspectos de que menos gostamos em nós. Temos que descer aos nossos abismos. Para nos conhecermos não basta olharmos passivamente para os nossos reflexos. Temos que exorcizar os nossos fantasmas. Temos que ser implacáveis para connosco. Quando julgamos já saber tudo acerca de nós, quando julgamos conhecer os mais reconditos meandros, é altura de recomeçar a tarefa.
O "conhece-te a ti mesmo" não significa porém um fecharmo-nos em nós, uma viagem solipsista ao nosso mundo isolado. Se não somos ou não devemos ser aquilo que os outros querem de nós, sem eles, sem os outros que fazem parte do nosso mundo, corremos o risco de ficarmos reduzidos a uma ilha deserta. Descobrirmo-nos, saber quem somos, deve ser uma tarefa que implica abertura e não clausura, romper de horizontes e não construção de prisões nem que sejam de vidro.

Sem comentários: